sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

JULGAR É SEMPRE FALTA DE AMOR?

       Tornou-se comum evangélicos acusarem de falta de amor a atitude de outros evangélicos que tomam posicionamentos firmes em questões éticas, doutrinárias e práticas [...] vivemos dias de frouxidão, nos quais proliferam os que tremem diante de uma peleja teológica de amor monta e saem gritando, histéricos: Linchamento! Linchamento!
      Pergunto-me se a Reforma Protestante teria acontecido se Lutero e seus companheiros pensassem dessa forma.
    O apelo ao amor sempre encontra eco no coração dos evangélicos, mas falar de amor não é garantia de espiritualidade nem de verdade. Afinal, há quem não leve uma vida reta diante de Deus e se gabe de praticar o amor. O profeta Ezequiel enfrentou um grupo de pessoas desse tipo: "Com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro" (Ez 33.31)
     O discurso das igrejas que hoje toleram todo tipo de conduta irregular praticada por seus membros é exatamente esse, ou seja, afirma-se igrejas amorosas, que não condenam nem excluem ninguém.
   O amor cobrado pelos evangélicos sentimentalistas acaba tornando a postura de quem não tem convicções. O amor bíblico disciplina, corrige, repreende, diz a verdade. E, quando se vê diante do erro seguido de arrependimento e contrição, perdoa, esquece, tolera, suporta. O Senhor, ao perdoar a mulher adúltera, acrescentou: "Vai e não peques mais" (Jo 8.11). O amor perdoa, mas cobra retidão. [...] Essa separação entre amor e verdade, praticada por alguns evangélicos, torna o amor um mero sentimentalismo vazio. Veja o que diz Paulo: 

"O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta"
(1Co 13.4-7)
    
          Portanto, o amor cobrado por aqueles que se ofendem com a defesa da fé, a exposição do erro e o confronto da inverdade não é o amor bíblico. Falta de amor para com as pessoas seria deixar que elas continuassem a ser enganadas sem ao menos tentar lhes mostrar o outro lado da questão.

Augustus Nicodemos
Livro: Polêmicas na Igreja
Resumo: Pensamento & Teologia
Capítulo 1

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